O que te faz parar para ouvir?
o mecanismo oculto por trás das narrativas que ninguém consegue ignorar
Já aconteceu com você?
Você abre o Instagram, rola o feed distraidamente e, de repente, para. Alguma coisa te fisgou. Um vídeo, uma história, um relato de vida. Você assiste até o final, sente alguma coisa lá dentro – pode ser emoção, indignação, surpresa. E, sem perceber, já está compartilhando com alguém.
Tem histórias que simplesmente grudam na gente. Você lê, assiste, ouve, e elas continuam ecoando na sua cabeça.
E por que algumas histórias ficam e outras evaporam da memória?
A resposta não está só no que é contado, mas no que sentimos ao ouvir essa história.
Robert McKee, um grande especialistas em storytelling, ensina que histórias não são apenas sequências de eventos; elas são transformações.
Isso significa que, para uma história ser marcante, algo precisa mudar. Não basta mostrar o que aconteceu; é preciso mostrar como aquilo transformou quem viveu aquela experiência – e, por consequência, quem está ouvindo.
Agora, pense nas histórias com potencial para viralizar:
O cachorro resgatado que reencontra seu dono não é só um animal achado na rua. É a história de esperança que parecia perdida e de um amor que resistiu ao tempo.
A jovem que perdeu tudo e deu a volta por cima não é só alguém que encontrou um novo emprego. É a história de renascimento, de resiliência, de um novo começo.
O garoto que ajuda um desconhecido sem esperar nada em troca não é só um ato de gentileza. É a prova de que o mundo ainda tem bondade – e que pequenos gestos podem mudar tudo.
O que mexe com a gente não são os fatos, mas a jornada emocional por trás deles.
Se uma história toca a gente, é porque ela traz a tona algum sentimento significante. Ela nos faz rir, nos revolta, nos emociona, nos surpreende. Ela mexe com um conflito interno que já existe dentro de nós.
Isso porque, no fundo, não assistimos à uma história só para acompanhar o que aconteceu. A gente assiste para ver o que isso significa.
E as melhores histórias fazem isso de um jeito que nos obriga a sentir.
Seja em um filme, em um livro, em uma campanha de marketing ou em um simples post no Instagram, as histórias mais poderosas não informam. Elas transformam.
Não vou trazer os conceitos técnicos aqui pois não é a intenção, mas existem elementos que são fundamentais para a criação de narrativas “que colam” , como o conflito, a transformação e a verdade.
Mas nem toda história que viraliza merecia viralizar. Algumas simplesmente exploram o sensacionalismo, jogam com emoções vazias e manipulam sentimentos.
O uso exagerado do "herói x vilão" simplifica histórias complexas e reduz a realidade a uma batalha rasa de bem contra o mal;
A superexposição emocional pode gerar impacto imediato, mas sem significado real;
A busca pelo "inesperado" vira um truque barato quando usada sem critério.
Se tudo é criado apenas para capturar atenção sem um propósito real, estamos alimentando um ciclo vicioso de histórias vazias, que gritam muito, mas dizem pouco.
As histórias que viralizam não falam apenas sobre quem as conta. Elas falam sobre o que estamos buscando nelas.
Queremos conexão. Queremos sentir algo real.
Queremos ver a vida pelos olhos dos outros, sentir coisas novas, entender o mundo de formas que ainda não tínhamos pensado.
E isso significa que, quando compartilhamos uma história, não estamos só dividindo um conteúdo interessante. Estamos dizendo:
"Isso aqui me tocou. Isso aqui importa."
Talvez seja hora de olhar para o que estamos consumindo – e criando – com outros olhos.
Porque, no fim, a pergunta não é apenas "por que algumas histórias viralizam?".
A pergunta mais importante é: o que as histórias que viralizam dizem sobre a gente?
Cartas sobre temas do cotidiano e uma oportunidades de conhecer um ponto de vista para agregar ao seu conhecimento.
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