O despertador tocou. 6:00 da manhã.
Ela não se mexeu. Ficou olhando para o teto, tentando lembrar quem era.
Era uma segunda-feira. Mas não uma segunda qualquer.
Na cozinha, o cheiro de café já invadia a casa.
Era quase um ritual — preparar o café antes de qualquer coisa.
Mas hoje, o café tinha outro gosto.
O gosto da incerteza. Do medo.
E, talvez, só talvez, de uma esperança tímida.
Nos últimos meses, tudo tinha mudado.
O trabalho que ela achava seguro... acabou.
O relacionamento que parecia eterno... terminou.
E o chão sob seus pés parecia ter desaparecido.
Mas hoje era o primeiro dia. O primeiro dia dela com ela mesma.
Sem chefe. Sem rotina.
Sem ninguém para perguntar: "O que você quer fazer agora?"
Ela sabia que precisava começar. Mas, começar por onde?
Pegou o caderno. O mesmo que estava guardado no fundo da gaveta.
Abriu na primeira página em branco. E escreveu uma palavra. Depois outra.
E, de repente, a página estava toda preenchida.
Ideias, sonhos, possibilidades. Todas estavam ali, de algum jeito.
Todas esperando que ela dissesse: "Sim, eu posso."
O relógio marcava 7:00. Ela fechou o caderno.
Respirou fundo. Vestiu algo confortável, pegou a chave e saiu.
O sol ainda estava baixo, e o ar da manhã era fresco.
A cidade parecia a mesma. Mas, para ela, tudo estava diferente.
Porque, pela primeira vez em muito tempo, o passo que ela deu foi para frente.
E isso já era o suficiente.
Sentiu o ritmo?
Você já teve a sensação de que alguns textos "dançam" enquanto você lê? É como se eles tivessem um ritmo próprio, fluíssem com leveza e te carregassem até o final, sem esforço.
Agora, pense no oposto: textos pesados, monótonos, em que cada frase parece um obstáculo. A leitura se torna lenta, difícil, cansativa.
A diferença entre esses dois cenários? O ritmo.
Gary Provost, em seu livro “100 Ways to Improve Your Writing”, descreve isso de forma visual com essa imagem que compartilhei logo aqui embaixo (versão traduzida livremente). E foi usando essa técnica que escrevi a história que inicia esta newsletter.
Neste livro, Gary diz que, na escrita, o ritmo é como o compasso de uma música. Ele guia o leitor.
Frases curtas são como batidas rápidas, e trazem impacto e intensidade. Frases médias conectam os pensamentos e criam um fluxo. Já as frases longas desenvolvem a ideia, carregando a emoção e o contexto.
E, assim como na música, é o equilíbrio entre essas "notas" que faz a escrita se destacar. É isso que transforma palavras em algo que "canta" aos ouvidos de quem lê.
E não é que a nossa vida também é feita de ritmos? Podemos dizer que o ato de escrever se assemelha a viver. Assim como na escrita, a vida também precisa de ritmo.
Precisamos das pausas; aquelas que nos dão tempo para respirar, refletir e encontrar clareza.
Precisamos de intensidade, momentos em que tudo parece acelerar, trazendo emoção, ação e energia.
E precisamos dos momentos de conexão, quando tudo se encaixa e encontramos conforto.
A vida, assim como a escrita, não deve ser linear.
Nem sempre conseguimos ditar o ritmo, mas podemos aprender a ajustá-lo conforme vivemos.
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