Você consegue lembrar de como descobriu algo que ama fazer?
Eu, até hoje, não sei de onde veio o meu gosto por escrever. Não consigo me lembrar como descobri como isso era algo prazeroso pra mim. De onde veio isso?
Ao meu redor não tive esse tipo de influência, e não faço ideia de onde surgiu essa vontadezinha que eu tinha de sentar numa escrivaninha, abrir o diário e sair escrevendo.
E não era só isso… os itens de papelaria, os livros e o cantinho no meu quarto com a escrivaninha cheia desses itens e papéis também faziam parte desse universo paralelo em que eu me sentia confortável. Ou seja, existia todo um contexto, um ambiente que eu mesma criei pra tornar essa vontade ainda mais prazerosa. Mas claro que só hoje percebo isso, na época eu não tinha esse entendimento e nem sabia que tinha criado essa atmosfera acolhedora para me mimar.
Lembro que uma das coisas que eu mais amava fazer quando ia ao shopping com meus pais era passar na papelaria. Um mundo de canetinhas, borrachas cheirosas, apontadores decorativos, bloquinhos coloridos…
É engraçado voltar no tempo e ver como nossa identidade foi sendo moldada por nós mesmos. Vivemos cercados de pessoas diferentes, com gostos diferentes, manias, estilos… e aí vamos filtrando um pouco de cada um até chegarmos na fórmula que determina quem somos. E esse modelo concebido nunca é o fim, porque estamos em constante mudança e descobrindo coisas novas o tempo todo.
Enquanto a escrita era um mundo que eu construía sozinha, com a música era diferente. Essa, eu sei que herdei de casa.
Me recordo de, quando pequena, ser muito comum que aos finais de semana eu acordasse com o som da tv nas alturas. Meus pais tinham aquelas caixas enormes de som - que na época eram o suprassumo - e sempre começavam o dia com uma fita vhs (!!) do álbum de alguma banda que eles gostavam. Graças a Deus eles tinham bom gosto musical e eu amava acordar desse jeito. As minhas preferidas eram a fita do tributo ao Freddie Mercury e a do A Ha, mas gostava de praticamente tudo que eles escutavam.
Minha preferida até hoje:
Sem dúvida a importância que dou à música, a forma como ela faz parte da minha vida e o meu gosto musical foi moldado por influência deles, e com o tempo fui conhecendo e criando minhas próprias preferências. Mas, e quanto a escrever? Isso eu realmente não sei até hoje de onde veio.
Enquanto a música parecia ser algo que foi colocado no meu caminho - e que bom! -, com a escrita foi diferente. Foi como uma descoberta solitária, algo que eu encontrei por conta própria, sem que ninguém me mostrasse o caminho. E acho que isso foi o que tornou essa habilidade especial pra mim: eu pude descobrir. É como se a escrita tivesse me escolhido, e não o contrário. Um convite feito que recebi e aceitei de imediato!
Talvez nem todas as nossas paixões precisem de uma origem clara. Algumas só nascem como se já fizessem parte de quem somos, esperando o momento certo para aparecer.
Essas duas paixões — tão diferentes na origem — me mostram que existem várias formas de nos encontrarmos. Algumas coisas nos são dadas, outras, descobrimos sozinhos. E ambas são válidas, e igualmente valiosas.
E você? Já se perguntou o que na sua vida foi herdado e o que você encontrou pelo caminho? Talvez essa descoberta possa dizer muito sobre quem você é.
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